No Supremo Tribunal Federal jornalismo e liberdade de expresão são confundidos. Ontem, o relator da ação, o Ministro Gilmar Mendes declarou que não é preciso ser jornalista para escrever em jornal "assim como não é necessário ter diploma de culinária para servir um prato".
A comparação feita ofendeu muitos jornalistas, devido ao tom de ironia.
O jornalista é necessário na vida das pessoas e tem uma missão a cumprir com a sociedade. Não se resume apenas a um contator de histórias pois exerce verdadeira influência sobre a opinião pública. E é justamente por saber de sua importância que não se pode negar a este profissional seu devido espaço e sobretudo, seu reconhecimento.
No Brasil e em vários países do mundo, realmente, não precisa ser jornalista (ter o diploma de 'comunicação social com habilitação em jornalismo ' em mãos) para escrever num jornal. E isso acontece porque prefere-se que as pessoas tenham propriedade para falar e escrever num jornal. Isso manteria a quelidade e credibilidade do meio.
E é verdade também que hoje em dia, com o avanço da internet e das ferramentas que ela oferece de publicação... muitos podem ser "jornalistas".
Perde-se assim um pouco do controle... mas não a credibilidade, a ética, o compromisso, a paixão e acima de tudo o dever de servir á sociedade. Isso não são técnicas aprendidas e decoradas...
Mas são conceitos que os quatro anos de formação nesta profissão tentam passar aos estudantes.
Além disso, e de forma mais prática, claro que todas as profissões aprendem-se no dia a dia. E no jornalismo não haveria porquê ser diferente.
Ninguém há de nos convencer que economistas e jornalistas escrevem da mesma forma.
O lado bom disso tudo, é que talvez essa medida leve o jornalista de hoje a se especializar mais, estudar mais... se empenhar mais, para não perder seu posto.
Mas a profissão tem sofrido grande desvalorização no Brasil e a chance desse cenário piorar é cada vez maior. Salários mais baixos, cargos mais disputados (e por outras profissões também)!
Então aqui vai um chamado a quem ainda acredita e tem compromisso com sua profissão (mesmo os estudantes, pois este escolheram esta profissão e sabemos, que não é facil...): Não se deixem abater, pois a população tem direito á informação de qualidade. Então que isto sirva apenas para nos unir e fortalecer. Empresas jornalisticas que acreditam no nosso trabalho e no nosso suor ainda exigirão diploma e nos diferenciaremos assim, pelo que somos e pelo papel que desempenhamos!
JORNALISTAS DO BRASIL, UNI-VOS!
A seguir, um trecho de uma reportagem de Lisa Elkaim, para o porfessor Senise (Universidade Anhembi Morumbi) em outubro de 2008:
Segundo Nivaldo Ferraz, para ser jornalista, há uma formação de base e conhecimentos teóricos que somente a universidade poderá oferecer. O candidato deve vir para a faculdade de jornalismo preparado « o curso não ensina a escrever bem, isso é nato. Tem de haver vontade, esforço e talento inicial. Depois a faculdade vai oferecer as ferramentas teóricas ». Ele afirma ainda que a diferença essencial, no meio dessa disputa entre quem tem e quem não tem diploma de jornalismo, é a capacitação em nível superior. Nesse sentido, tratando-se de novas mídias digitais, haveria uma adaptação por parte das universidades que procuram adequar seus cursos à demanda no mercado. « Sempre há espaço para o aluno que não tem interesse em trabalhar com tecnologia, mas não se pode ignorar o grande avanço e influência exercida sobre o jornalismo. Assim, a capacitação teórica e a tendência de mercado andam de mãos dadas nas universidades mais atualizadas », diz Nivaldo.
Já o jornalista e escritor Henrique Veltman, entrevistado online em 22 de outubro, defende que uma formação de nível superior é desejável, mas a formação no curso de jornalismo seria dispensável. « Nossas escolas de jornalismo (comunicação) são ruins. Acho preferível o candidato cursar Direito ou Ciências Sociais, por exemplo ». Ele explica que alguns dos mais importantes jornais e revistas já não exigem o diploma de jornalismo e cita como exemplo o jornal Folha de São Paulo.
Nota Bene:
A Folha de São Paulo, publicou nesta quinta feira (19 de junho de 2009) - um dia após a decisão do Supremo Tribunal Federal :
"A Folha sempre criticou a exigência do diploma. No editorial 'Imprensa no STF' de abril deste ano, sustentou a posição de que a obrigatoriedade do diploma afronta a liberdade de expressão, diminui a oferta de informação de qualidade e se reveste de anacronismo na era da internet "
quinta-feira, 18 de junho de 2009
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Cuba: a livre expressão é vetada no país dos ditadores...

Após Fidel Castro deixar o poder de Cuba nas mãos do irmão Raul Castro em fevereiro de 2008, até surgiu uma esperança de uma reforma democrática no país. Mera ilusão... Hoje, mais de ano depois da posse vitalícia do irmão do antigo ditador, o país ainda sofre de extrema censura e nenhuma melhora no padrão de vida dos cubanos.
Basta repararmos na notícia de que o Blog mais visitado em Cuba, o "Generación Y", foi vetado dentro do país. A autora do blog Yoani Sánchez, diz que ela faz o que grande parte da população gostaria de fazer, mas por medo e pela própria censura não o fazem.
A situação se torna ridícula quando nos deparamos com um fato deste em pleno ano de 2009. O blog recebeu em fevereiro do ano passado a visitação de 1,2 milhões de pessoas e milhares de comentários, monstrando assim a indignação do povo cubano perante o regime.
Em um país controlado pelo Estado, sem mídia independente, Sánchez e outros blogueiros, encontraram na internet, um meio de divulgarem as suas opiniões sobre tudo o que acontece dentro do país.
É lamentável que nos dias de hoje ainda existam governos com tal censura à livre expressão, vetando as pessoas de exporem a sua própria opinião.
Por Cláudia Klein
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Cuba Libre
Há alguns anos, fui assistir a um espetáculo do Ballet Nacional de Cuba, no teatro Alfa. Sempre gostei muito de dança e sabia que era uma das únicas atividades que traziam dinheiro à ilha de Fidel Castro. No fim do espetáculo, lembro que algum integrante do PT subiu ao palco para fazer um discurso e foi vaiado até que se retirasse.Os bailarinos, que estavam todos fazendo pose de agradecimento, esperando que o discurso terminasse para receber flores e aplausos do público, ficaram sem jeito.
E a grande estrela do Ballet Nacional de Cuba, Alicia Alonso (hoje uma senhora de idade, cega), não entendeu o que aconteceu.
Fico imaginando a cara de cada um dos bailarinos e da própria Alicia Alonso quando alguém explicou a eles o que houve naquele momento.
E o que houve, afinal?
Ora, a manifestação e a expressão livre do descontentamento do povo com o governo.
Parece simples, mas é algo impensável para cubanos como aqueles bailarinos.
... Impensável, até que surgiu uma voz, vinda do nada, do escuro. Uma voz desafiadora. Segura e corajosa. Uma mulher. Yoani Sanchez.
Seu blog, em pouco tempo ficou conhecido nos quatro cantos do mundo. Foi um grito de liberdade logo censurado pelo governo.
Em cuba, o blog Generación Y não pode ser acessado. Mas nós, daqui do Brasil, podemos.
É uma voz que precisa ser ouvida (lida) e muito aplaudida... de pé! BRAVO!
Que nos quatro cantos do mundo essa lição sirva para toda a vida: a liberdade de expressão é um tesouro precioso... e uma realidade para poucos.
Lisa ELKAIM
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Atitude Já!
Sem dúvida nenhuma a cubana Yoani Sanches é muito corajosa ao fazer comentários desafiadores a respeito do Ditador Fidel Castro. Mas esta atitude heróica, não demonstra apenas a coragem desta mulher, mas também a covardia com que os outros tratam o assunto.
Yoani não publica em seu blog, pensamentos singulares, mas ela manifesta abertamente, a opinião da grande parte de uma nação que prefere omitir-se diante dos fatos. É claro, isso é mais fácil!
Fico pensando o que leva uma mulher a tomar tanta coragem e enfrentar tudo com “unhas e dentes”. Algumas repostas surgem, como por exemplo: Ela tem um filho de 12 anos, então ela deve pensar: “Que mundo eu vou deixar para o meu filho? Porque neste país, neste mundo não vai dar pra confiar!” É neste momento que decidimos que está na hora de fazer alguma coisa.
Vamos refletir: Yoani está em um país ditador, enfrentando perigos gravíssimos ao manifestar seus comentários. Nós brasileiros estamos em um país “livre”, onde podemos manifestar nossa opinião e fazer algo realmente palpável, mas ao contrário disto, preferimos nos esconder, ou simplesmente não se importar. Pra quê? Temos tantas coisas mais importantes pra fazer, não é? É assim que a situação vai de mal a pior.
Quem sabe esteja na hora de tomarmos esta grande mulher como exemplo e fazer alguma coisa pelo nosso país também. Só assim conseguiremos superar e mais do que isso, vencer a impunidade que nos rodeia.
Uma ferramenta gentil para com todos é o blog. Você não precisa ser famoso, você só precisa ter vontade e um pouco de coragem. Crie seu blog, se manifeste, escreva e proteste. Pode não parecer muito, mas poderá criar uma dimensão inimaginável. É com “pequenas” atitudes que surgem grandes homens e grandes mulheres como a Yoani Sanches.
Yoani não publica em seu blog, pensamentos singulares, mas ela manifesta abertamente, a opinião da grande parte de uma nação que prefere omitir-se diante dos fatos. É claro, isso é mais fácil!
Fico pensando o que leva uma mulher a tomar tanta coragem e enfrentar tudo com “unhas e dentes”. Algumas repostas surgem, como por exemplo: Ela tem um filho de 12 anos, então ela deve pensar: “Que mundo eu vou deixar para o meu filho? Porque neste país, neste mundo não vai dar pra confiar!” É neste momento que decidimos que está na hora de fazer alguma coisa.
Vamos refletir: Yoani está em um país ditador, enfrentando perigos gravíssimos ao manifestar seus comentários. Nós brasileiros estamos em um país “livre”, onde podemos manifestar nossa opinião e fazer algo realmente palpável, mas ao contrário disto, preferimos nos esconder, ou simplesmente não se importar. Pra quê? Temos tantas coisas mais importantes pra fazer, não é? É assim que a situação vai de mal a pior.
Quem sabe esteja na hora de tomarmos esta grande mulher como exemplo e fazer alguma coisa pelo nosso país também. Só assim conseguiremos superar e mais do que isso, vencer a impunidade que nos rodeia.
Uma ferramenta gentil para com todos é o blog. Você não precisa ser famoso, você só precisa ter vontade e um pouco de coragem. Crie seu blog, se manifeste, escreva e proteste. Pode não parecer muito, mas poderá criar uma dimensão inimaginável. É com “pequenas” atitudes que surgem grandes homens e grandes mulheres como a Yoani Sanches.
Cintia Ranusia
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Abrindo Mentes (comentário sobre blog Geración Y)
Num país cheio de limitações e restrições, Yoani Sanchéz foi capaz de se manifestar contra o regime repressor de Fidel, que agora está sob o comando do irmão Raúl Castro em seu blog Geración Y. Com toda sua inteligência e intelectualidade a cubana se expressa para poder chamar a atenção do mundo em relação a liberdade de expressão e as guerras e também as situações de Havana ou Cuba em geral. O blog de Yoani traz varias reflexões sobre a realidade de seu país através de diferentes historias de sua vida e de outros cubanos. Apesar de ter sido um desafio para a jornalista postar matérias e ter acesso á rede, ela pode argumentar e alertar uma realidade que para muitos eram despercebidas.
Beatriz Salgado
Beatriz Salgado
domingo, 24 de maio de 2009
CRISE E SUSTENTABILIDADE
A crise econômica que afeta o mundo desde setembro de 2008 é entendida por Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel da Economia em 2001, como conseqüência de anos de políticas econômicas equivocadas. A revista Época do mês de Abril também tratou do tema, afirmando que houve uso indevido de recursos finitos – o dinheiro.
Por outro lado, a questão da sustentabilidade também tem sido assunto recorrente nas discussões internacionais, na mídia e por que não, na economia.
O século XXI parece viver grandes dilemas e incertezas. No entanto, qual seria o paralelo entre as questões do meio ambiente e da economia?
Para a crise financeira global, a economia propõe algumas soluções: reformar o sistema econômico, reestruturar a ordem mundial e dar novo papel aos países emergentes, reformar instituições e criar um tipo de organização financeira supranacional. O meio ambiente também propõe suas alternativas como o uso de energias limpas e renováveis, redução de gases poluentes, tratamento do lixo e da água, preservação dos ecossistemas, etc.
Cada um estabeleceu suas prioridades e o mundo parece não saber responder a quem cabe o desafio. Antes de responder a esta pergunta, porém, pensemos qual é o ponto em comum para resolver as duas situações de crise?
Para a Professora de Políticas de Meio Ambiente da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Joelma Cavalcante de Souza, as duas crises deram-se por um fator em comum: o uso desenfreado de recursos finitos. “Para o caso da crise financeira, falamos em dinheiro e no caso do meio ambiente, em recursos naturais. Em ambos os casos, o problema remete, portanto, ao consumo”, diz.
Sob o ponto de vista ambiental, a crise econômica teve efeitos positivos sobre o meio ambiente na medida em que a população demandou menos energia. Fábricas cuja energia estava baseada no carvão (um dos maiores poluentes do planeta) fecharam suas portas na China e, nos Estados Unidos, a população desempregada gastou menos combustível (símbolo da economia suja). Isso representou simultaneamente algum alívio para o planeta e uma redução na atividade econômica.
Isso não significa, não entanto, que as políticas climáticas defendem a pobreza. A idéia é que as questões globais devem ser pensadas em conjunto. Cometemos um erro ao considerar que a economia e o meio ambiente têm interesses opostos. E isso tem sido levado cada vez mais em conta nos debates e acordos internacionais. O mundo parece estar aderindo à idéia de que há uma relação direta entre economia, alternativas de crescimento e o meio ambiente. E a equação é simples: quanto mais tecnologias o homem desenvolve, mais recursos naturais (sujos e baratos) precisa consumir. A discussão acerca do uso de energias renováveis lançada por ambientalistas e retomada por economistas, parece ser uma boa saída. Estes recursos , no entanto, representam uma alternativa de alto custo. É preciso criar formas de crescer e aumentar as riquezas sem agredir o planeta. Para tal, o uso desses recursos precisa ser pensado de forma ampla e não apenas do ponto de vista econômico. Assim, o colapso financeiro poderia revelar uma oportunidade de crescimento econômico movido a energia limpa.
Outro exemplo de como a economia e o meio ambiente podem trabalhar juntos, é o planejamento de uma economia verde, através do recálculo do Produto Interno Bruto (PIB), levando-se em conta fatores como a qualidade de vida, a saúde, os serviços ambientais e a degradação do meio ambiente (diminuição de recursos naturais). Para Joelma Cavalcante de Souza, se estes fatores ‘verdes’ forem contabilizados no novo cálculo, grande parte dos desacordos entre economia e meio ambiente minimizam-se. “Sobre a questão das emissões, se incitarmos sua diminuição, o ar seria de melhor qualidade e a esperança de vida poderia aumentar, bem como a qualidade de vida da população do planeta. Tudo isso deveria fazer parte das preocupações bem como dos novos índices econômicos”, afirma a professora da FGV.
O desafio de hoje é ter medidas melhores que atraiam nossa atenção para o que é importante – o bem estar comum. Isso é o desenvolvimento sustentável, uma resposta que vai além da conscientização.
Neste contexto, o comunicador exerce um papel fundamental que não se limita a transmitir informações. Ele deve discuti-las, problematizá-las e eventualmente, colocar-se na função de denunciador.
O gerente de projetos sociais da rede Globo, Flavio Oliveira, diz que a emissora já cumpre essa tarefa através de programas e reportagens especiais que visam dar a devida importância ao tema, informar e denunciar práticas criminosas contra o meio ambiente.
Já para o jornalista ambiental André Trigueiro, o esforço a se fazer vai muito além. “É preciso educar a população para que ela possa entender de fato a relevância em se discutir o tema. Do contrário, não será possível atingir uma mudança de hábitos (domésticos) satisfatória”.
Assim, chegamos à primeira pergunta levantada: A quem cabe a responsabilidade, o desafio?
Ora, aos líderes mundiais, à própria sociedade, às empresas, às escolas... E o dever de nunca deixar morrer o debate, ao comunicador, livre de quaisquer interesses econômicos ou políticos.
Por outro lado, a questão da sustentabilidade também tem sido assunto recorrente nas discussões internacionais, na mídia e por que não, na economia.
O século XXI parece viver grandes dilemas e incertezas. No entanto, qual seria o paralelo entre as questões do meio ambiente e da economia?
Para a crise financeira global, a economia propõe algumas soluções: reformar o sistema econômico, reestruturar a ordem mundial e dar novo papel aos países emergentes, reformar instituições e criar um tipo de organização financeira supranacional. O meio ambiente também propõe suas alternativas como o uso de energias limpas e renováveis, redução de gases poluentes, tratamento do lixo e da água, preservação dos ecossistemas, etc.
Cada um estabeleceu suas prioridades e o mundo parece não saber responder a quem cabe o desafio. Antes de responder a esta pergunta, porém, pensemos qual é o ponto em comum para resolver as duas situações de crise?
Para a Professora de Políticas de Meio Ambiente da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Joelma Cavalcante de Souza, as duas crises deram-se por um fator em comum: o uso desenfreado de recursos finitos. “Para o caso da crise financeira, falamos em dinheiro e no caso do meio ambiente, em recursos naturais. Em ambos os casos, o problema remete, portanto, ao consumo”, diz.
Sob o ponto de vista ambiental, a crise econômica teve efeitos positivos sobre o meio ambiente na medida em que a população demandou menos energia. Fábricas cuja energia estava baseada no carvão (um dos maiores poluentes do planeta) fecharam suas portas na China e, nos Estados Unidos, a população desempregada gastou menos combustível (símbolo da economia suja). Isso representou simultaneamente algum alívio para o planeta e uma redução na atividade econômica.
Isso não significa, não entanto, que as políticas climáticas defendem a pobreza. A idéia é que as questões globais devem ser pensadas em conjunto. Cometemos um erro ao considerar que a economia e o meio ambiente têm interesses opostos. E isso tem sido levado cada vez mais em conta nos debates e acordos internacionais. O mundo parece estar aderindo à idéia de que há uma relação direta entre economia, alternativas de crescimento e o meio ambiente. E a equação é simples: quanto mais tecnologias o homem desenvolve, mais recursos naturais (sujos e baratos) precisa consumir. A discussão acerca do uso de energias renováveis lançada por ambientalistas e retomada por economistas, parece ser uma boa saída. Estes recursos , no entanto, representam uma alternativa de alto custo. É preciso criar formas de crescer e aumentar as riquezas sem agredir o planeta. Para tal, o uso desses recursos precisa ser pensado de forma ampla e não apenas do ponto de vista econômico. Assim, o colapso financeiro poderia revelar uma oportunidade de crescimento econômico movido a energia limpa.
Outro exemplo de como a economia e o meio ambiente podem trabalhar juntos, é o planejamento de uma economia verde, através do recálculo do Produto Interno Bruto (PIB), levando-se em conta fatores como a qualidade de vida, a saúde, os serviços ambientais e a degradação do meio ambiente (diminuição de recursos naturais). Para Joelma Cavalcante de Souza, se estes fatores ‘verdes’ forem contabilizados no novo cálculo, grande parte dos desacordos entre economia e meio ambiente minimizam-se. “Sobre a questão das emissões, se incitarmos sua diminuição, o ar seria de melhor qualidade e a esperança de vida poderia aumentar, bem como a qualidade de vida da população do planeta. Tudo isso deveria fazer parte das preocupações bem como dos novos índices econômicos”, afirma a professora da FGV.
O desafio de hoje é ter medidas melhores que atraiam nossa atenção para o que é importante – o bem estar comum. Isso é o desenvolvimento sustentável, uma resposta que vai além da conscientização.
Neste contexto, o comunicador exerce um papel fundamental que não se limita a transmitir informações. Ele deve discuti-las, problematizá-las e eventualmente, colocar-se na função de denunciador.
O gerente de projetos sociais da rede Globo, Flavio Oliveira, diz que a emissora já cumpre essa tarefa através de programas e reportagens especiais que visam dar a devida importância ao tema, informar e denunciar práticas criminosas contra o meio ambiente.
Já para o jornalista ambiental André Trigueiro, o esforço a se fazer vai muito além. “É preciso educar a população para que ela possa entender de fato a relevância em se discutir o tema. Do contrário, não será possível atingir uma mudança de hábitos (domésticos) satisfatória”.
Assim, chegamos à primeira pergunta levantada: A quem cabe a responsabilidade, o desafio?
Ora, aos líderes mundiais, à própria sociedade, às empresas, às escolas... E o dever de nunca deixar morrer o debate, ao comunicador, livre de quaisquer interesses econômicos ou políticos.
domingo, 3 de maio de 2009
A crise sobre uma identidade: o caso da Islandia

Pense numa identidade nacional construída com base na noção de coletivo. Um país cujos bens baseavam-se num tripé: a energia geotérmica, os peixes e as sagas. Uma história de vikings e uma batalha constante pelo mínimo à sobrevivência.
O texto de João Moreira Salles 'A Grande Ilusão', publicado na revista Piauí na edição de janeiro de 2009, narra como se deu a derrocada da Islândia. O autor sustenta que a decadência do país teria começado muito antes do marco zero da crise.
Até 1945, fim da Segunda Guerra, a Islândia era considerada um dos países mais pobres da Europa. Em 1991, no entanto, a economia e a identidade islandesa mudariam em conseqüência das propostas radicais do Primeiro Ministro eleito, David Oddsson. O político que se tornaria um dos mais populares e poderosos da história da pequena ilha privatizou a empresa municipal de pesca, aboliu e reduziu alguns impostos e começou ali, a dar à Islândia uma dívida alta. A economia islandesa estava alicerçada em bancos e na moeda estrangeira. A filosofia que dominava já não era a do ‘coletivo’, mas a de ‘utrás’ – expressão incorporada ao vocabulário para designar a ex-vasão pretendida pela ilha de vikings.
O cenário havia se transformado: muita riqueza concentrada nas mãos de poucos, os islandeses tiveram pela primeira vez, acesso a crédito, tinham ganhado autoconfiança. Tudo isso era algo inédito e tais anseios não correspondiam ao espírito de uma população anteriormente tão obstinada.
Era o inicio da derrocada ou será que apenas estavam seguindo uma espécie de ‘tendência global’ para fugir do isolamento – tendo em vista o avanço da era da globalização, a queda do bloco soviético em 91 e da transformação do mundo em um sistema unipolar e capitalista?
Ninguém questionaria as medidas, pois estas pareciam funcionar. A economia havia respondido, a renda das famílias cresceu e o país seria apontado, em 2007, pela Organização das Nações Unidas (ONU) como melhor país para se viver, superando a Noruega.
Um ano depois, em outubro de 2008, porém, a Islândia seria considerada um dos países mais afetados pela crise mundial, com uma das economias mais devedoras, entrando para a lista de países terroristas do Primeiro Ministro britânico Gordon Brown. “Não se tratava de uma instituição financeira ou de um setor da indústria, mas de uma nação na bancarrota”, escreveu João Moreira Salles para a Revista Piauí.
Nesse contexto, como ficaria a questão da identidade islandesa, antes tão sedimentada? Teria sido o caso de uma ambição desmedida ou um passo de afirmação nacional, seguindo a lógica do ‘utrás’?
E lá estava ele, o Primeiro Ministro Geir Haarde, em outubro do ano passado, para falar com seu povo. O discurso durou cerca de onze minutos e foi transmitido pelos canais abertos. Ao encerrar, disse “Deus abençoe a Islândia”, um pedido que lembra o lema dos Estados Unidos “In God We Trust”(Em Deus, Confiamos). Embora haja controvérsias sobre o uso de menções e apologias religiosas em discurso político, o Primeiro Ministro parece ter apelado num ato de desespero, à união das pessoas para resolver uma situação de crise. A população estava completamente desmoralizada frente aos outros países, mas frente a si mesma também.
Um povo outrora tão sensato e independente, tachado de terrorista, devedor de muito dinheiro e sem possuir mais nenhum bem, parecia ainda procurar alguma explicação ou metáfora que traduzisse seu sentimento de perda, de humilhação e abandono.
João Moreira Salles relata que não havia ninguém para prestar alguma satisfação. Os banqueiros fugiram do país. Os políticos ignoravam manifestações e protestos da sociedade. A população começou a responder como podia, estampando uma caricatura de Oddsson, com bigode de Hitler e uma frase do tipo “Banana Republic”. Os islandeses sentiam-se traídos.
Apegaram-se a um falso protecionismo, a uma esperança e promessa de prosperidade e riqueza. Foram ambiciosos porque cometeram excessos e ingênuos, porque não questionaram as mudanças radicais do Ministro David Oddsson.
Pagaram o preço e perderam muito mais do que dinheiro. Passaram por cima de valores, da própria cultura e tradições.
O projeto de transformar a Islândia, pequena ilha auto-suficiente, numa potência era insustentável e falho.
A política de ‘utrás’ custou caro, pois os anseios de empreendedorismo não combinavam com o espírito viking islandês.
O texto de João Moreira Salles 'A Grande Ilusão', publicado na revista Piauí na edição de janeiro de 2009, narra como se deu a derrocada da Islândia. O autor sustenta que a decadência do país teria começado muito antes do marco zero da crise.
Até 1945, fim da Segunda Guerra, a Islândia era considerada um dos países mais pobres da Europa. Em 1991, no entanto, a economia e a identidade islandesa mudariam em conseqüência das propostas radicais do Primeiro Ministro eleito, David Oddsson. O político que se tornaria um dos mais populares e poderosos da história da pequena ilha privatizou a empresa municipal de pesca, aboliu e reduziu alguns impostos e começou ali, a dar à Islândia uma dívida alta. A economia islandesa estava alicerçada em bancos e na moeda estrangeira. A filosofia que dominava já não era a do ‘coletivo’, mas a de ‘utrás’ – expressão incorporada ao vocabulário para designar a ex-vasão pretendida pela ilha de vikings.
O cenário havia se transformado: muita riqueza concentrada nas mãos de poucos, os islandeses tiveram pela primeira vez, acesso a crédito, tinham ganhado autoconfiança. Tudo isso era algo inédito e tais anseios não correspondiam ao espírito de uma população anteriormente tão obstinada.
Era o inicio da derrocada ou será que apenas estavam seguindo uma espécie de ‘tendência global’ para fugir do isolamento – tendo em vista o avanço da era da globalização, a queda do bloco soviético em 91 e da transformação do mundo em um sistema unipolar e capitalista?
Ninguém questionaria as medidas, pois estas pareciam funcionar. A economia havia respondido, a renda das famílias cresceu e o país seria apontado, em 2007, pela Organização das Nações Unidas (ONU) como melhor país para se viver, superando a Noruega.
Um ano depois, em outubro de 2008, porém, a Islândia seria considerada um dos países mais afetados pela crise mundial, com uma das economias mais devedoras, entrando para a lista de países terroristas do Primeiro Ministro britânico Gordon Brown. “Não se tratava de uma instituição financeira ou de um setor da indústria, mas de uma nação na bancarrota”, escreveu João Moreira Salles para a Revista Piauí.
Nesse contexto, como ficaria a questão da identidade islandesa, antes tão sedimentada? Teria sido o caso de uma ambição desmedida ou um passo de afirmação nacional, seguindo a lógica do ‘utrás’?
E lá estava ele, o Primeiro Ministro Geir Haarde, em outubro do ano passado, para falar com seu povo. O discurso durou cerca de onze minutos e foi transmitido pelos canais abertos. Ao encerrar, disse “Deus abençoe a Islândia”, um pedido que lembra o lema dos Estados Unidos “In God We Trust”(Em Deus, Confiamos). Embora haja controvérsias sobre o uso de menções e apologias religiosas em discurso político, o Primeiro Ministro parece ter apelado num ato de desespero, à união das pessoas para resolver uma situação de crise. A população estava completamente desmoralizada frente aos outros países, mas frente a si mesma também.
Um povo outrora tão sensato e independente, tachado de terrorista, devedor de muito dinheiro e sem possuir mais nenhum bem, parecia ainda procurar alguma explicação ou metáfora que traduzisse seu sentimento de perda, de humilhação e abandono.
João Moreira Salles relata que não havia ninguém para prestar alguma satisfação. Os banqueiros fugiram do país. Os políticos ignoravam manifestações e protestos da sociedade. A população começou a responder como podia, estampando uma caricatura de Oddsson, com bigode de Hitler e uma frase do tipo “Banana Republic”. Os islandeses sentiam-se traídos.
Apegaram-se a um falso protecionismo, a uma esperança e promessa de prosperidade e riqueza. Foram ambiciosos porque cometeram excessos e ingênuos, porque não questionaram as mudanças radicais do Ministro David Oddsson.
Pagaram o preço e perderam muito mais do que dinheiro. Passaram por cima de valores, da própria cultura e tradições.
O projeto de transformar a Islândia, pequena ilha auto-suficiente, numa potência era insustentável e falho.
A política de ‘utrás’ custou caro, pois os anseios de empreendedorismo não combinavam com o espírito viking islandês.
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Sobre o dia na CBN, com Milton Jung.

Foto da redação da CBN.
Confira parte da entrevista realizada na última Quarta feira, dia 15 de Abril com o jornalista e âncora da CBN, Milton Jung.
Neste dia, assistimos a uma parte da gravação do programa CBN São Paulo. Ficamos surpresas e admiradas em ver como um âncora deve levar um programa de rádio. Milton Jung tinha tudo na ponta da língua... e nada havia sido decorado, era de improviso. Mais tarde, em entrevista, ele disse com toda a calma de quem já faz isso há anos "é assim que deve ser, não tem script para âncora".Tudo chamava atenção. Tudo era motivo para arregalarmos os olhos e observarmos, caladas, para aprender. E no fim, a sensação que fica é um pouco de "quero ser que nem ele quando eu crescer", pela simpatia, paciência e sobretudo, pelo profissionalismo.
Neste trecho da gravação, Milton fala um pouco da nova tendência jornalistica que é o Blog.
Ele mesmo mantém o seu Blog, que é vinculado à rádio CBN.
Ele fala também da relação estreita entre os diferentes meios de comunicação que hoje se complementam. Confira neste video o que Milton Jung diz sobre o rádio e a internet como ferramentas de trabalho.
Lisa ELKAIM
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Foto Milton Jung e equipe Visao_Jovem

Na quarta feira, 15 de abril, a equipe do blog Visão_Jovem esteve nos estúdios da CBN para falar com o jornalista Milton Jung, âncora do programa CBN São Paulo, autor de dois livros(Conte sua de São Paulo e Jornalismo de Rádio) e blogueiro(http://colunas.cbn.globoradio.globo.com/miltonjung/)
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Uma manhã na CBN, com Milton Jung.

Televisão, jornal impresso, internet, rádio. Milton Jung tem 25 anos de experiência e já passou por todos estes veículos. Hoje diz que, todos parecem se complementar. Acrescenta-se à instantaneidade de um, a inovação do outro. Este é o trabalho de Milton Jung, que mantém o Blog como material de apoio às noticias oferecidas diariamente em seu programa CBN São Paulo.
Milton encara seu Blog como um desafio à criatividade, pois possibilita um exercício pouco praticado no rádio: a escrita. “Além de possibilitar buscar um público novo e mais jovem, neste sentido a internet deu fôlego ao rádio”, diz ele.
Em textos opinativos ou informativos, a preocupação é muito mais a de ampliar a noticia que foi dada de manhã no CBN São Paulo. “Às vezes a pessoa não ouve o programa todo no rádio, mas encontra as noticias mais importantes no Blog”. Assim, a página é de fácil acesso e utiliza outros recursos e formatos, como fotos, áudios (entrevistas), vídeos, etc.
Os comentários dos ouvintes-internautas aos artigos postados tornam-se ferramentas importantes para o trabalho de um jornalista blogueiro na construção de sua credibilidade. “No inicio, fiquei preocupado porque o publico demorou a dar retorno, mandar comentários”, conta Milton Jung. Os internautas parecem testar a credibilidade do Blog antes de se entregarem a ele. “É difícil identificar um jornalista famoso unicamente por seu Blog. Há os Blogs que são muito acessados, mas os jornalistas construíram seus nomes antes, em outros veículos”, diz.
A interação entre Milton Jung e os internautas (ou ‘ouvinte-internauta’) não se dá tanto pelo Blog. “O espaço do Blog é aberto, está disponível para que deixem suas opiniões, mais do que para promover debates, depende da função do Blog”.
O jornalista afirmou ainda que a ferramenta, tão recente no meio jornalístico, não deve assumir um único papel, pois incorpora características de todos os outros veículos de comunicação. Com isso deu a dica aos futuros jornalistas: escrever bem, ser bem informado sobre tudo que acontece, entender de internet (se atualizar) e sorte!
Lisa ELKAIM (da equipe Visao Jovem)
Milton encara seu Blog como um desafio à criatividade, pois possibilita um exercício pouco praticado no rádio: a escrita. “Além de possibilitar buscar um público novo e mais jovem, neste sentido a internet deu fôlego ao rádio”, diz ele.
Em textos opinativos ou informativos, a preocupação é muito mais a de ampliar a noticia que foi dada de manhã no CBN São Paulo. “Às vezes a pessoa não ouve o programa todo no rádio, mas encontra as noticias mais importantes no Blog”. Assim, a página é de fácil acesso e utiliza outros recursos e formatos, como fotos, áudios (entrevistas), vídeos, etc.
Os comentários dos ouvintes-internautas aos artigos postados tornam-se ferramentas importantes para o trabalho de um jornalista blogueiro na construção de sua credibilidade. “No inicio, fiquei preocupado porque o publico demorou a dar retorno, mandar comentários”, conta Milton Jung. Os internautas parecem testar a credibilidade do Blog antes de se entregarem a ele. “É difícil identificar um jornalista famoso unicamente por seu Blog. Há os Blogs que são muito acessados, mas os jornalistas construíram seus nomes antes, em outros veículos”, diz.
A interação entre Milton Jung e os internautas (ou ‘ouvinte-internauta’) não se dá tanto pelo Blog. “O espaço do Blog é aberto, está disponível para que deixem suas opiniões, mais do que para promover debates, depende da função do Blog”.
O jornalista afirmou ainda que a ferramenta, tão recente no meio jornalístico, não deve assumir um único papel, pois incorpora características de todos os outros veículos de comunicação. Com isso deu a dica aos futuros jornalistas: escrever bem, ser bem informado sobre tudo que acontece, entender de internet (se atualizar) e sorte!
Lisa ELKAIM (da equipe Visao Jovem)
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